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Voce ja ouviu falar no Radônio?

Um inimigo invisível que causa tumores pulmonares 19 vezes mais mortíferos

Radônio, um gás radioativo liberado do solo em regiões ricas em minério como urânio, pode estar causando doenças graves em brasileiros, principalmente câncer. É a segunda causa mais comum de câncer de pulmão, perdendo somente para o fumo.

O doutor Marcelo Cruz, oncologista do Hospital São José, em São Paulo, lidera um grupo de pesquisadores que levaram ao Congresso Mundial de Câncer de Pulmão, em Denver, nos Estados Unidos, um estudo avaliando o perigo na saúde dos brasileiros desse gás imperceptível.

Na cidade baiana de Caetite, cientistas observaram que o número de pessoas com diagnóstico de câncer de pulmão é 19 vezes mais alto que o restante do estado da Bahia. Por quê? “A concentração de radônio e da radioatividade no ar é dezenas de vezes mais elevada que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde”, comenta o oncologista.

CartaCapital: Cigarro é um óbvio causador de câncer de pulmão. E os casos desse tipo de câncer em não tabagistas, qual a causa mais frequente?

Marcelo Cruz: É o gás radônio, um composto naturalmente radioativo que pode ser encontrado em ambientes internos, como residências e escritórios. Trata-se de um gás resultante do decaimento do urânio, elemento radioativo encontrado na natureza na forma de minerais. Temos visto nos consultórios um número crescente de pacientes não tabagistas com câncer de pulmão. Tabagismo passivo e poluição ambiental são, sem dúvida, fatores importantes, principalmente em países subdesenvolvidos e industrializados como o nosso. Porém, estudos internacionais têm mostrado que a exposição ao radônio supera esses dois fatores de risco.

CC: Como perceber o radônio em nossas casas?

MC: É difícil percebê-lo. O gás radônio não tem cor, cheiro ou sabor. Portanto, não pode ser detectado pelos sentidos humanos. As reservas de água do subsolo também podem sofrer contaminação por esse gás e liberá-lo, por exemplo, durante um banho.

CC: O Brasil tem radônio?

MC: O País tem a quinta maior reserva natural de urânio do mundo e é responsável por grande extração de diversos minerais para a construção civil. Sem dúvida, o radônio está em maior concentração nas regiões de mineração. Aqui, apesar de o clima tropical permitir maior ventilação nas residências e construções mais abertas, algo que teoricamente poderia minimizar os riscos da exposição ao radônio, estudos recentes encontraram altas concentrações desse gás em domicílios de áreas tão distintas, como Bahia, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. O fato de não ter citado outras áreas do País decorre muito mais da ausência de estudos e não de que não possam existir altos níveis de radônio.

CC: De acordo com os estudos, as concentrações de radônio em certas regiões no Brasil alcançam níveis alarmantes. Como as autoridades brasileiras estão lidando com isso?

MC: Apesar do perigo óbvio, as autoridades não estão fazendo nenhuma ação significativa em qualquer nível, municipal, estadual ou federal. Parece que o problema não existe! Quanto ao radônio, diferente do cigarro, correr o risco não depende da vontade individual, e sim de estar no lugar errado, exposto a um inimigo invisível.

Fonte: http://www.cartacapital.com.br/revista/867/radonio-uma-ameaca-6506.html



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